Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/5107

Title: Pastagens
Authors: Freixial, Ricardo
Barros, José
Keywords: Espécies pratenses, produção animal
Issue Date: 19-Mar-2012
Abstract: “As pastagens e forragens são a base da alimentação dos ruminantes…” Este conceito foi desde sempre muito naturalmente entendido até mesmo pelas sociedades coletoras que, sem prestarem grande atenção, para caçarem animais e aproveitarem a sua carne e as peles, se deslocavam às suas zonas habituais de pastagem, que lhes forneciam o alimento e onde mais tempo permaneciam.No entanto, o início da civilização cujos primeiros passos terão sido a “domesticação” dos cereais e a domesticação de facto das primeiras espécies de ruminantes por parte do Homem, não terá obrigado este a dedicar às pastagens qualquer atenção especial. Nesta fase, a escassa população, os hábitos alimentares e a abundância de área, permitia que as necessidades fossem facilmente asseguradas através da simples condução dos rebanhos em busca dos recursos naturais sempre excedentes, recorrendo quando estes escasseavam ou se esgotavam, ao aumento dessas áreas através da queima de florestas. A pastagem que suporta hoje em dia ainda nalgumas partes de Mundo este sistema, era o substrato natural herbáceo ou arbustivo, composto por espécies adaptadas do ponto de vista edafo-climático às diversas zonas geográficas, algumas com notáveis capacidades e persistência que lhes permitiram resistir a regimes de exploração que nalgumas épocas ou zonas, assentaram no sobre aproveitamento. As rotas tradicionais de transumância em busca dos invernadoiros para a zona dos “Verdes e Montados do Campo de Ourique” (Figura 2) ilustra como exemplo, a forma característica de produção animal com ruminantes, baseada no aproveitamento dos recursos naturais e deixa-nos marcas históricas como a origem da designação de Entradas como sendo a “Villa das Entradas” o local a partir do qual, no seu regresso para Norte, os rebanhos confluíam para “entrarem” na canada transumante. Ao longo de todo este tempo e até quase aos nossos dias, as necessidades de consumo não foram suficientes para pressionar a produção no sentido da intensificação, pelo que a produção animal estava baseada, em termos de recursos alimentares, no aproveitamento de zonas incultas, nos resíduos e subprodutos dos cereais e nas zonas de pousios de duração variável, conforme as rotações utilizadas. Ainda que nos séculos XVII e XVIII já tivessem surgido na Europa algumas reflexões acerca da necessidade da intensificação da produção de pastagens como resposta ao aumento demográfico, ocupação de maiores áreas para outras culturas e diminuição das áreas de pastagem, só no final do séc. XIX se inicia o recurso à instalação de pastagens. Em Portugal só nos anos sessenta (1965), se começa a prestar a tenção ao estudo e desenvolvimento da área das pastagens. Entretanto, durante largos anos, particularmente no Alentejo, a preocupação de atenuar a situação deficitária do país na produção de cereais, concentrou os esforços no aumento da produção de trigo, panorama perfeitamente ilustrado pela denominada «Campanha do Trigo» no final dos anos vinte, remetendo a atividade pecuária para um lugar secundário. Segundo Freixial (2010), as formas de exploração já apontadas ao logo dos tempos e a intensificação na produção de culturas anuais destinadas ou não à produção de grãos, sem o uso de rotações agronomicamente coerentes, mas sempre com o recurso à mobilização intensa do solo na sua instalação, levou à degradação das características físicas, químicas e biológicas, do solo, com perda de produtividade nessas culturas e nítido prejuízo na flora autóctone constituinte das pastagens. Como resultado, temos hoje as áreas de pastagem remetidas para as zonas de menor aptidão, que foram abandonadas ou desflorestadas, zonas de fraca produtividade e baixa qualidade, com uma composição florística prejudicada pelas técnicas culturais utilizadas nos cereais (mobilizações profundas e aplicação de herbicidas) e pelas más técnicas de aproveitamento (sobre utilização, mau maneio, etc.), compostas normalmente por uma população baixa de espécies anuais autóctones de escasso valor pratense, eventualmente algumas leguminosas anuais (Trifolium cherleri, Trifolium hirtum, Trifolium glomerata, Ornithopus compressus) e algumas gramíneas também anuais (Lolium, Hordeum, Poa) bem adaptadas, mas não melhoradas de forma a poder assegurar, com corretas opções de maneio, produções aceitáveis (Figura 3). O aumento da população Mundial, o aumento do consumo de carne e de outros produtos de origem animal (resultante da melhoria das condições de vida das populações), a diminuição das áreas destinadas à agricultura, as alterações na estrutura fundiária e a aplicação de políticas agrícolas no âmbito da Política Agrícola Comum, remete-nos para a necessidade de encarar a produção animal com ruminantes de uma forma completamente diferente daquela que foi a exploração até à exaustão dos recursos naturais à nossa disposição.
URI: http://hdl.handle.net/10174/5107
Type: other
Appears in Collections:MED - Publicações de Carácter Pedagógico
FIT - Publicações de Carácter Pedagógico

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