Confinados e isolados? - Olhar por dentro a saúde e bem-estar das crianças em contexto pandémico

Abstract

A presente dissertação apresentada à Universidade de Évora para obtenção do Grau de Mestre em Sociologia – área de especialização em Recursos Humanos, tem como objetivo estudar a influência do confinamento social, derivado do coronavírus SARS-CoV-2, na saúde e bem-estar das crianças. A literatura consultada sustenta que as interações sociais que se desenvolvem na escola, especialmente durante o recreio, ajudam as crianças a compreenderem-se a si mesmo e aos seus pares, o que leva a que este espaço faça parte integrante e importante do processo de socialização. Uma vez que a crise pandémica suspendeu as aulas físicas, e impossibilitou a existência do recreio escolar, tornou-se relevante desenvolver uma análise sociológica sobre os impactos que o confinamento social poderá ter trazido à saúde e bem-estar das crianças, com foco no recreio escolar. Metodologicamente, desenvolveu-se uma investigação sequencial mista, com abordagem hermenêutica de profundidade, assente em análise documental de imprensa a dois jornais nacionais e grupo focal realizado com crianças com idades compreendidas entre os 9 e os 13 anos. Quanto à técnica de análise de dados, foi utilizada a análise de conteúdo categorial com recurso ao programa NVivo. Recorrendo à voz das crianças sobre a realidade social vivenciada em tempos de pandemia, espera-se que a investigação traga contributos inovadores para a área científica da sociologia, aprofundando a compreensão do impacto que o confinamento social provocou na saúde e bem-estar das crianças e, ao mesmo tempo, sobre o lugar e importância da (in)existência do recreio escolar. Neste contexto, os resultados do estudo apontam para impactos percecionados por adultos e crianças como negativos na saúde e bem-estar das crianças, consequência da retirada dos seus contextos sociais, especificamente o tempo/espaço do recreio escolar, fundamental no desenvolvimento cognitivo, social, físico e emocional da infância; ABSTRACT: CONFINED AND ISOLATED? - Look inside the health and well-being of children in a pandemic context This dissertation presented to the University of Évora to obtain the Master's Degree in Sociology – an area of specialization in Human Resources, aims to study the influence of social confinement, derived from the coronavirus SARS-CoV-2, on the health and well-being of children. The literature consulted argues that the social interactions that develop at school, especially during recess, help children to understand themselves and their peers, which leads to this space being an integral and important part of the socialization process. Since the chemical crisis suspended physical classes, and made the existence of school playgrounds impossible, a sociological analysis of the impacts that social confinement may have brought to children's health and well-being became relevant, with a focus on school play. Methodologically, a mixed sequential investigation was carried out. Inspired by a hermeneutic approach, the research combined data collected through an analysis of press documents from two newspapers with national circulation and a focus group carried out with children aged 9 to 13 years. Regarding the data analysis technique, the analysis of category content using the NVivo program was used. Using the children's voice on the social reality experienced in times of pandemic, it is expected that research will bring innovative contributions to the scientific area of sociology, deepening the understanding of the impact that social confinement has had on the health and well-being of children and, at the same time, on the place and importance of the (in)existence of school playground. In this context, the results of the study point to impacts perceived by adults and children as negative on the health and well-being of children, specifically from the time/space of the school playground, fundamental in the cognitive, social, physical and emotional development of childhood.