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http://hdl.handle.net/10174/27216
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Title: | MODELAÇÃO DE DESCARGAS ELÉTRICAS ATMOSFÉRICAS COM MODELO DE INVESTIGAÇÃO DE ALTA RESOLUÇÃO ESPACIAL |
Authors: | Couto, Flavio Salgado, Rui |
Issue Date: | Dec-2019 |
Citation: | Couto,F.T., Salgado, R.,2019: Modelação de descargas elétricas atmosféricas com modelo de investigação de alta resolução espacial. Relatório técnico do ICT, 2019, 44pp. |
Abstract: | Os incêndios florestais estão associados com várias questões ligadas à sua
ignição e propagação. Por exemplo, os incêndios podem ser iniciados por
causas naturais ou ação humana, enquanto que a sua propagação é
dependente das condições de superfície (orografia e disponibilidade de
material combustível) e do estado da atmosfera. Em alguns casos, a
combinação destes fatores pode tornar um incêndio extremamente difícil de
ser controlado, podendo afetar grandes áreas e ter uma duração de dias ou
semanas. Entre várias fontes de ignição, as descargas elétricas atmosféricas
do tipo nuvem-solo, ou raios, são a principal fonte natural para a ignição de
incêndios florestais e um importante contribuinte para área ardida em
muitas regiões (Ganteaume e Syphard, 2018). Além disso, existem algumas
configurações atmosféricas que aumentam a possibilidade de um raio causar
um incêndio. Por exemplo, quando um raio é produzido a partir de uma
trovoada de base alta, e uma camada de ar relativamente mais seco em
níveis baixos favorece a evaporação da precipitação antes desta atingir o
solo (Dowdy e Mills, 2012a).
A quantidade de área ardida entre 1940 e 2000 aumentou
significativamente em algumas regiões dos Estados Unidos (EUA), em
particular na região oeste, onde os incêndios florestais provenientes de raios
representam quase dois terços da área ardida. No entanto, a variabilidade
climática e um aumento da disponibilidade de material combustível, em vez
de raios, são sugeridos como fatores de controle de área ardida pelos
incêndios de origem natural (Abatzoglou et al., 2016; Stephens, 2005). Tais
aspetos podem causar grandes incêndios, os quais também têm aumentado
na região, sendo acompanhados por períodos de seca severa (Dennison et
al., 2014; Barbero et al., 2014). Recentemente, Singleton (2019) apontou
que, nas últimas 3 décadas, os incêndios foram mais frequentes, maiores e
mais severos no sudoeste dos EUA.
No Canadá, os incêndios florestais provenientes de raios são
responsáveis pelas maiores áreas ardidas. Por exemplo, representam cerca
de 50% da ocorrência e correspondem a 85% da área ardida (Ganteaume e
Syphard, 2018). Na Austrália, onde esse tipo de ignição também pode ser a
fonte principal de ocorrência de fogos, os incêndios tidos como naturais
podem representar 90% da área ardida e ~30% do número total de
incêndios que ocorrem (Dowdy e Mills, 2012b). Na Península Ibérica e, em
particular na Espanha, os raios não desempenham o mesmo papel na ignição
de fogos, com uma pequena percentagem (3,3%) e afetando 7,5% da área
ardida (Vazquez e Moreno, 1998).
3Em Portugal, todos os anos ocorrem incêndios que se propagam por
vastas áreas de floresta, às vezes afetando um número significativo de
pessoas. A partir da identificação de incêndios com condições
meteorológicas similares, Trigo et al. (2016) mostraram que temperaturas
mais altas e menor humidade durante os meses de verão tornam a metade
ocidental da Península Ibérica mais favorável a ocorrência de incêndios. Por
exemplo, a temporada de incêndios de 2003 em Portugal foi marcada por
vários fogos durante o início do mês de Agosto, alguns deles causados por
raios, como o incêndio de Santarém com 22190 ha de área ardida (Pugnet et
al., 2010). Esse período foi precedido por um inverno húmido, seguido por
um mês de Maio mais seco, o que possivelmente agravou o papel
desempenhado pela onda de calor que afetava a Europa (Trigo et al., 2005,
2006). Pugnet et al. (2010) apontaram 303 incêndios causados por raios
entre 1996 e 2008 em Portugal e afetando 60543,1 ha. O máximo de
ocorrências em 2003 foi marcado por 67 incêndios provocados por raios, dos
quais 9 arderam uma área acima de 1000 ha. Por outro lado, Nunes et al.
(2014) destacaram que os incêndios de origem humana são responsáveis
por grande parte dos incêndios em Portugal, enquanto que os fogos de
origem natural representaram <1% do total de ocorrências no período 2001-
2012. No entanto, tais eventos não podem ser negligenciados devido à
grande área que pode ser ardida. Em 2017, incêndios florestais
devastadores trouxeram uma tragédia para Portugal. Os incêndios perto de
Pedrógão Grande criaram uma enorme nuvem de fumo e chamas, matando
pelo menos 60 pessoas.
Um dos problemas dos incêndios florestais é diagnosticar suas causas.
De um ponto de vista natural, e como mencionado acima, os raios atuam
como fator principal de ignição em alguns casos. Este relatório apresenta o
trabalho desenvolvido no âmbito da utilização de um modelo atmosférico
configurado com alta resolução espacial para investigar a representação de
raios do tipo nuvem-solo. Neste trabalho procura avaliar-se a capacidade de
utilizar modelos de previsão do tempo para prognosticar a probabilidade de
ocorrência de descargas elétricas capazes de iniciar incêndios florestais. O
objetivo principal é verificar se seria possível prognosticar corretamente a
ocorrência e a localização de raios nuvem-solo com uma simulação de alta
resolução. Como previsto, utilizou-se como caso de estudo o trágico evento
de Junho de 2017, incluindo o incêndio de Pedrógão Grande. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/27216 |
Type: | report |
Appears in Collections: | ICT - Relatórios
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