O papel da avaliação na excelência educativa

Abstract

São imensos os desafios que os sistemas educativos enfrentam no mundo atual. O ritmo intenso a que se desenvolve o conhecimento científico e tecnológico, a globalização, as migrações, a interculturalidade, a sustentabilidade, a segurança, a inovação e o empreendedorismo, são questões que estão no cerne das agendas de políticos e decisores. É nesta conjuntura que a escola, enquanto espaço formal para a aprendizagem e desenvolvimento dos futuros cidadãos, tem como missão garantir que todas as crianças e jovens adquirem as múltiplas literacias que precisam mobilizar para responder às exigências destes tempos de imprevisibilidade e de mudanças aceleradas. A sociedade impõe a prestação de um serviço educativo de excelência, capaz de garantir a formação de cidadãos competentes, aptos a enfrentar as exigências do século XXI, muitas delas ainda não antecipadas que nos levam a questionar: Que conhecimentos, capacidades, atitudes e valores precisam os alunos de hoje para viverem no mundo de amanhã? Como podem as escolas desenvolver, de forma eficaz, estes conhecimentos, capacidades, atitudes e valores? Falar de excelência é falar de qualidade e de eficácia, sendo a escola eficaz aquela que promove o progresso de todos os seus alunos, para além do esperado, e que assegura que cada aluno atinja os níveis mais elevados que lhe sejam possíveis, em todas as dimensões do seu desenvolvimento. Um serviço educativo de excelência é, pois, uma aspiração quer política, quer social, quer organizacional, uma ambição que não pode ser inferida com base em indicadores exclusivamente numéricos, como o insucesso escolar, o absentismo, a evasão escolar ou os resultados alcançados em avaliações externas. Para se conhecer uma escola e poder aferir a sua qualidade é necessário conhecer o contexto e os processos internos que conduzem aos resultados, é necessário ter em conta indicadores como a liderança, a gestão e o serviço educativo prestado. A construção social da excelência, evidenciada na produção de rankings das escolas é uma tentativa grosseira, mas aparentemente legítima, de avaliar a qualidade, que não contribui para a melhoria e, pelo facto de não ter em conta os diferentes contextos em que os resultados são produzidos, geralmente tem efeitos socialmente discriminatórios, acentuando ainda mais a exclusão e as desigualdades sociais. Assim, a qualidade de uma escola deve medir-se pelas aprendizagens efetuadas pelos alunos (conhecimentos, capacidades, atitudes e valores) e pelos trajetos escolares, devendo ter-se em atenção o ponto de partida e as dificuldades resultantes dos meios de proveniência dos alunos. Mais importante do que identificar escolas com melhor ou pior desempenho académico é apoiar as escolas na superação dos seus resultados, na resolução dos seus problemas, na busca de práticas eficazes.