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http://hdl.handle.net/10174/23642
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Title: | O Género na Educação Física |
Authors: | Pomar, Clarinda |
Advisors: | Neto, Carlos |
Keywords: | Género Educação Física Estereótipos de Género equidade de género Diferenças de género perceções do aluno Ensino básico desempenho motor |
Issue Date: | 3-Jul-2007 |
Abstract: | O género, enquanto construção social e conteúdo fundamental do currículo oculto,
encontra na Educação Física um dos seus terrenos privilegiados de construção e de acção.
Esta problemática tem, porém, sido praticamente ignorada no nosso país,a nível
investigativo, o que, cremos, tem dificultado a inovação pedagógica e a emergência de respostas adequadas ao desafio da inclusão, da diferenciação e da equidade, nomeadamente da equidade de género.
Este trabalho surgiu, precisamente, neste cenário, ainda embrionário, com a pretensão
de poder contribuir para o conhecimento e a compreensão do modo como os factores psicossociais medeiam os processos de ensino e de aprendizagem em Educação Física,
procurando, nomeadamente, caracterizar as dinâmicas mediadoras que o género e os
estereótipos de género podem estabelecer com as percepções e as atitudes dos alunos e
alunas perante as actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física e os contextos de interacção criados pela forma de organização dos grupos de trabalho dessas actividades. O desenho do estudo foi sustentado em vários referenciais epistemológicos convergentes, com particular destaque para a perspectiva interpretativista, e foi estruturado
tendo por base a utilização integrada de procedimentos metodológicos de orientação
qualitativa e quantitativa. Assim, foram entrevistados cinquenta e dois alunos do 1º ciclo do ensino básico (vinte e seis rapazes e vinte e seis raparigas) e trinta e dois do 2º ciclo (quinze rapazes e dezassete raparigas), com o objectivo de conhecer e compreender as suas percepções em relação às vivências reais nas aulas de Educação Física, particularmente aquelas que diziam respeito à apropriação ao género e ao desempenho motor de rapazes e raparigas e de si próprio/a, nas actividades que os respectivos professores tinham previamente considerado mais importantes para a concretização dos objectivos dessas aulas. Este estudo estendeu-se também às referências pelo tipo de constituição, em função do género, dos grupos de trabalho formados para a realização dessas mesmas actividades e à satisfação com as actividades da aula. As entrevistas (semi-estruturadas) foram suportadas na utilização complementar de instrumentos parcelares de recolha de informação, quer de natureza quantitativa quer qualitativa. Com o objectivo de gerir melhor a dinâmica das entrevistas e interpretar mais fielmente as afirmações das crianças, foram observadas as aulas sobre as quais cada entrevista iria incidir, registando a sequência das actividades e as opções estratégicas dos professores, no que diz respeito à formação de grupos de trabalho. Os resultados evidenciaram, de forma genérica, uma grande variabilidade nas percepções e nos fundamentos para elas apresentados pelos alunos e pelas alunas, o que
tem como implicação manifesta a necessidade de reflectir sobre o grande desafio pedagógico que passa por procurar acomodar e dar resposta à individualidade no seio da
diversidade e da pluralidade. Os conteúdos dos estereótipos de género revelaram-se, por
outro lado, um recurso essencial na justificação das percepções da apropriação ao género e do desempenho motor nas várias actividades de aprendizagem das aulas, deixando os/as alunos/as antever, nas suas argumentações, concepções padronizadas, dicotómicas e complementares, perante o que é ser feminino e ser masculino. As variações encontradas nas percepções e seus fundamentos entre os/as alunos/as do 1º e do 2º ciclo repousavam sobretudo na natureza diferenciada das actividades de aprendizagem e nos processos de construção da identidade de género característicos destas idades. Outra inferência que se destacou foi o facto de os jogos colectivos terem sido das actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física em que a diferenciação de género foi mais perceptível e onde se
fez um uso mais explícito de argumentos estereotipados, focalizando o comportamento e as aptidões de cada género, bem como o relacionamento entre os géneros. Foi também
perante estas actividades que as raparigas mais denunciaram e expressaram uma clara
consciência das desiguais oportunidades de prática e sucesso provocadas pelas relações de poder assimétricas entre os géneros, durante a realização dessas actividades.
As conclusões deste estudo problematizam, em síntese, a tão recorrente presunção da
neutralidade de género na Educação Física e fornecem elementos importantes para a discussão e o diálogo entre todos aqueles que se preocupam com a inclusão, a diferenciação pedagógica e a equidade, mais especificamente a equidade de género. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/23642 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | PED - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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