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http://hdl.handle.net/10174/15141
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Title: | Das quintas do Baixo Alentejo. Significado histórico e social: contributos para o seu conhecimento |
Authors: | Lourenço, Manuel Bernardo Cipriano |
Keywords: | Quintas Baixo Alentejo (Portugal) Recuperação do património História |
Issue Date: | 1999 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | Introdução - Quando, naquela manhã de sábado de 1996, tomámos lugar no autocarro da Universidade mal podíamos pensar que o propósito dessa visita de estudo constituísse a pedra fundamental do interesse que nos conduziu à realização do trabalho que hoje apresentamos. Saímos de Évora com destino a S. Domingos de Benfica, mais propriamente ao Palácio dos Marqueses de Fronteira. Não para visitarmos o edifício mas sim para recebermos uma aula in loco, nos seus jardins, no âmbito da disciplina da Arte Paisagista e dos Jardins ministrada pelo Professor Gonçalo Ribeiro Telles. Quem nos aguardava em Lisboa era a Professora Aurora Carapinha que, por várias vezes, alternou a docência com o Professor Telles, ensinando-nos o a, b, c da Arte de Jardinar. Quão importantes foram as lições dos Senhores Professores! O grande objectivo dessa visita foi, passadas algumas aulas teóricas sobre a organização do espaço dos jardins privados, observarmos um desses lugares para que em nosso conhecimento ficasse melhor percebida a informação teórica. Escolha melhor não podia ter havido! A Professora iniciou as explicações junto à escadaria que nos transporta do terraço do Palácio para o interior do Jardim do Buxo. O certo é que, passados um ou dois quartos de hora, embevecidos pelo que escutávamos e por tudo aquilo que nos era oferecido observar, soubemos logo que o tema do nosso trabalho iria incidir num assunto não muito distante do que no momento presenciávamos. Não seria coisa fácil, pois para nós o tema jardins visto na perspectiva arquitectónica era algo perfeitamente novo. Contudo, a nossa formação académica - História - muito podia contribuir para a sua concretização, nomeadamente ao nível histórico e económico-social que levaram à criação desses espaços: as quintas. Foi após essa visita e na posse de algumas informações que possuíamos sobre um tipo de construções, a que não se chama montes, que lançamos mãos-à-obra, começando por identificá-las e localizá-las. Surgiram-nos, então, quatro desses prédios, todos inseridos geograficamente no distrito de Beja: Quinta do Carmo, no concelho de Vidigueira; Quinta da Esperança, no concelho de Cuba; Quinta de Santo António, também chamada de Quinta de S. Brás, no concelho de Serpa; Quinta de S. Vicente, no concelho de Ferreira do Alentejo.
Na sua maioria, com excepção da Quinta de Santo António/S. Brás, elas faziam parte e encontravam-se integradas dentro de extensas propriedades agrícolas funcionando como casas de herdade, nas quais os seus proprietários estabeleceram residência permanente e administraram a sua casa agrícola. Duas delas, a Quinta do Carmo e a de S. Vicente continuam a fazer parte das herdades que se estendem para lá dos seus muros. E óbvio que, a utilidade que estas quintas alentejanas tiveram no passado é completamente diferente das que se situam à volta de Lisboa, pois enquanto estas foram mandadas construir para retiro/regalo dos grandes senhores que habitavam na cidade, aquelas apresentam-se com nítidas características de prédios rústicos servindo em simultâneo de moradias permanentes duma elite rural: os Senhores da Terra. Para que o propósito do nosso estudo se conseguisse alcançar dividimos este trabalho em duas partes diferenciadas. Na primeira procuramos focar os aspectos principais que se entendem determinantes para a existência destas propriedades: a sua localização geográfica (para um conhecimento dos factores biofisicos característicos desses lugares consulte-se o Anexo I); os seus ocupantes ao longo das várias fases da sua história e, por último estabelecemos as principais características de cada uma delas, procurando, ao mesmo tempo, referir os pontos que mostram ter em comum. Parece-nos que só do entendimento destes vários aspectos se pode perceber a verdadeira essência destas construções. Quanto aos seus proprietários foi nosso intento enquadrá-los numa sociedade prioritariamente rural, da qual sobressaem e emergem devido ao seu poder económico, cultura e prestígio social. Este último bem reforçado pelos próprios e por um século XIX que os nobilitou através da concessão de títulos. No que se refere à sua tipologia consideramos ser fundamental caracterizar as quintas uma a uma, pois embora gozando da mesma designação, nem todas tiveram igual origem. Tipificá-las é, sem dúvida, importante na medida em que nos possibilita uma melhor caracterização e especificar as diferenças. Não obstante as suas particularidades, todas elas têm um lugar em comum: o jardim. Dentro dos muros construiu-se mais um compartimento da residência a céu-aberto. Nele procuraram-se as sombras, desfrutaram-se as cores, viveu-se deleitosamente em contacto com a Natureza. Mas não só! Esses espaços de intimidade onde elementos de produção compartilham harmoniosamente com criações de prazer foram também usados como símbolos emblemáticos dum poder e prestígio social que fez dos seus proprietários individualidades extremamente necessárias e, por isso, respeitadas. Nos jardins das quintas, aqui e além, aparecem sob as mais variadas formas (estatuária, azulejaria, tanques e lagos, etc.) sinais demonstrativos de um poder económico considerável, gosto diferenciado e riqueza cultural. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/15141 |
Type: | masterThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Mestrado
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