Caracterização da estrutura dos domínios setentrionais da zona de Ossa-Morena e seu limite com a zona centro-ibérica, no nordeste alentejano

Abstract

"Sem resumo feito pelo autor"; Na região do Nordeste Alentejano estão representados os domínios setentrionais da Zona de Ossa-Morena (ZOM) e seu limite com a Zona Centro-Ibérica (ZCI) num conjunto caracterizado pela existência de três estruturas de importância regional: a Zona de Cisalhamento de Portalegre-Esperança (ZCPE), a Megaestrutura de Crato-Arronches-Campo Maior e a Megaestrutura de Assumar. A Zona de Cisalhamento de Portalegre-Esperança (ZCPE), localizada na zona de transição entre a ZOM e a ZCI, representa uma zona transpressiva com componente de movimentação esquerda. A ela está associada partição da deformação, afectando um nível crustal superior sob condições de baixo grau metamórfico. Aqui localiza-se uma bacia do Ordovícico Inferior de afinidade Centro-Ibérica discordante sobre o soco Proterozóico Superior da ZOM, apresentando-se intruida por magmatismo alcalino do Ordovícico Superior-Silúrico Inferior. A sua estrutura é caracterizada por desenvolvimento de um fabris S-L acompanhado de milonitização, com foliação NW-SE a W-E bastante inclinada para SW e com lineação de estiramento mergulhando menos de 30° tanto para o quadrante NW como para o SE. Esta foliação dispõe-se segundo um padrão de distribuição heterogéneo e complexo de um ramo orogénico vergente para NE, associado a dobramentos com planos axiais tombados para NE-N e eixos subparalelos à lineação de estiramento que define o transporte tectónico. A Megaestrutura do Crato-Arronches-Campo Maior, a mais setentrional, representa uma zona transpressiva com componente de movimentação esquerda, à qual está associada partição da deformação, afectando diferentes niveis crustais: i) superiores (sob condições metamórficas de baixo grau); ii) intermédios (sob condições de baixo-alto grau metamórfico) e iii) inferiores (onde ocorrem rochas granulíticas e eclogíticas). Desenvolve-se sobre uma sequência estratigráfica que inclui uma bacia do Câmbrico Inferior discordante sobre vulcanismo calco-alcalino no limite com o soco Proterozóico Superior da ZOM e onde ocorre magmatismo alcalino do Ordovícico Superior a Silúrico Inferior. A estrutura é caracterizada pelo desenvolvimento de um fabris S-L acompanhado de milonitização, com foliação NW-SE bastante inclinada para SW ou NE. A lineação de estiramento associada mergulha menos de 30° tanto para o quadrante NW como SE, segundo um padrão de distribuição heterogéneo e complexo de estruturas em leque compósitas, e por dobramento com planos axiais tombados tanto para NE como para SW, com eixos subparalelos à lineação de estiramento que marca a direcção do transporte tectónico. O soco Proterozóico Superior preserva uma estruturação e metamorfismo anterior à deposição do Câmbrico Inferior. A Megaestrutura de Assumar, posicionada mais a Sul relativamente à anterior, representa uma zona transpressiva com componente de movimentação esquerda, à qual está associada partição da deformação afectando niveis crustais superiores (sob condições metamórficas de baixo grau), onde se localiza uma bacia do Câmbrico Inferior discordante sobre vulcanismo calco-alcalino no limite com o soco Proterozóico Superior da ZOM e magmatismo alcalino Paleozóico. A estrutura é caracterizada por desenvolvimento de um fabris S-L acompanhado de milonitização, com foliação NW-SE bastante inclinado para SW ou NE e com lineação de estiramento associada a mergulhar menos de 20° tanto para o quadrante NW como SE, segundo um padrão de distribuição heterogéneo e complexo de estruturas em leque compósitas, e por dobramento com planos axiais tombados tanto para NE como para SW, com eixos subparalelos à lineação de estiramento que marca a direcção do transporte tectónico. O soco Proterozóico Superior preserva uma estruturação desenvolvida em niveis crustais intermédios, associada a metamorfismo de alto a baixo grau, anterior à deposição do Câmbrico Inferior. As três megaestruturas conjugam-se na expressão de uma estrutura maior que mantem um conjunto coerente de características geométricas e cinemáticas, limitada a Norte pelo Sinclinal da Serra de S.Mamede e a Sul pelo Sector de Alter do Chão-Elvas, definindo em ambos os casos uma mudança em termos de vergência regional. #### - Abstract - Within the Northeast Alentejo region where is localised the boundary between the Ossa-Morena Zone (OMZ) northern domains and the South border of the Central Iberian Zone (CIZ), are characterized three main structures: the Portalegre-Esperança Shear Zone (PESZ), the Crato-Arronches-Campo Maior Megastructure and the Assumar Megastructure. The Portalegre-Esperança Shear Zone (PESZ) localised at the OMZ/CIZ transition zone represents, a transpressive sinistrai shear zone affecting upper crustal levels deformed under low-grade metamorphic conditions. This shear zone comprises a Lower Paleozoic meta- sedimentary sequence with Central Iberian affinities overlying an Upper Proterozoic OMZ basement, intruded by Upper Ordovician-Lower Silurian alkaline magmatic rocks. The PESZ is characterized by a well develloped S-L fabric related to strong milonitization. The main foliation strikes NW-SE to E-W and dips to SW-S. It contains the stretching lieation that plunges less than 30° to NW or SE. The heterogeneous distribution pattern of foliation and folding according to strain partitioning reveals a predominant N-NE vergence which is normal to tectonic transport direction along the orogen, trending. The Crato-Arronches-Campo Maior Megastructure represents a transpressive sinistrai shear zone affecting distinct crustal levels: i) upper crustal levels deformed under low-grade metamorphic conditions, ii) ) upper to intermediate crustal levels deformed under low to high-grade metamorphic conditions, and iii) lower crustal levels deformed under granulitic and eclogitic metamorphic facies. The development of this shear zone affects a stratigraphic column comprising a Lower Cambrian detritic and carbonate basin overlying calc-alkaline magmatic series with Lower Cambrian / Upper Proterozoic transition age and an Upper Proterozoic OMZ basement, intruded by Upper Ordovician-Lower Silurian alkaline magmatic rocks. The structure is, characterized by a well develloped S-L fabric related to a strong milonitization. The main foliation strikes NW-SE and dips to SW or NE. It contains the stretching lineation plunging less than 30° to NW or SE. The heterogeneous distribution pattern of foliation and folding according to strain partitioning is characterised by composite flower structures related with a tectonic transport direction paralell to the orogen trending. The Upper Proterozoic sequence preserves deformation and metamorphism older than the Lower Cambrian sedimentary sequences. The Assumar Megastructure localised further South represents a transpressive sinistrai shear zone associated with strain partitioning, developed on upper crustal levels deformed under low-grade metamorphic conditions. The development of this shear zone affects a stratigraphic column comprising a Lower Cambrian detritic and carbonate basin overlying calc-alkaline magmatic series with Lower Cambrian / Upper Proterozoic transition age and an Upper Proterozoic OMZ basement, intruded by Paleozoic magmatic rocks. The structure is characterized by a well develloped S-L fabric related to a strong milonitization. The main foliation, strikes NW-SE and dips to SW or NE. It contains the stretching lineation that plunges less than 30° to NW or SE. The heterogeneous distribution pattern of foliation and folding is characterised by composite flower structures related with a tectonic transport direction paralell to the orogen trending. The Upper Proterozoic preserves deformation and metamorphism, reaching amphibolite facies, older than the Lower Cambrian sedimentary sequences. The three megastructures are grouped in a major flower structure with coerent seis of geometric and kinematic characteristics bounded at North by the S.Mamede Syncline and at South by the Alter do Chão- Eivas Sector.