Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/11194

Title: Agant corpora coelestia in sublunarem mundum an non? ciência, astrologia e sociedade em Portugal (1593-1755)
Authors: Carolino, Luís Miguel Nunes
Keywords: A ciência e a história
Astrologia, filosofia natural e sociedade
Ciência, cultura e temporalidade
Teoria do influxo dos corpos celestes
Astrometeorologia
Astronomia
Issue Date: 2000
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: "Sem resumo feito pelo autor" A historiografia da Ciência em Portugal, estudando a realidade dos séculos XVII e XVIII, tem-se centrado no debate sobre o "atraso cientifico" português. Do seu ponto de vista, Portugal mantivera-se isolado face à eclosão da "Revolução Científica" que marcara a Europa desse período. Não haviam aqui nascido nem desenvolvido suas teses determinantes nenhum Galileu, Descartes ou Newton... Diferentes foram, contudo, as formas de gerir esta "realidade". Se uns autores esforçadamente procuraram encontrar nos pensadores portugueses os percursores que, de alguma forma, antiveram essa revolução intelectual, outros atenuaram o isolamento português em relação à Europa e outros ainda, mais desesperados, não deixaram de apontar a estranheza total do "espírito nacional" - como gostaram de afirmar - a esse dinamismo cultural e científico que vivificou a maioria dos europeus dessa época. Há, todavia, várias razões que explicam esta posição. Uma delas prende-se directamente com os cultores desta área de conhecimento em Portugal. A História da Ciência entre nós tem sido desenvolvida maioritariamente quer por investigadores provenientes da área das Ciências Exactas e das Ciências Naturais quer por autores que se situam no campo da História da Cultura, sem que tenha existido entre ambas as partes um verdadeiro esforço por operar a interdisciplinaridade que caracteriza esta disciplina. Daqui resulta que não obstante os estudos muito meritórios e fundadores que desenvolveram, a perspectiva seguida foi frequentemente marcada pelo anacronismo. Contudo, ao contrário do que transparece das suas obras, a Europa do século XVII foi atravessada por um debate riquíssimo envolvendo temáticas muito diversas, onde se cruzaram correntes culturais tão distintas como o Neo-Platonismo, o Atomismo e o Aristotelismo. É certo que aquilo que veio a resultar no que hoje designamos de "Revolução Científica" foi apenas uma das mais felizes sínteses desse século, mas foi também apenas um dos compromissos à partida possíveis. O nascimento da Ciência Moderna não foi, portanto, um processo linear, uma caminhada de teoria em teoria até à tese certa. No presente trabalho ao invés de perspectivar a ciência como um progresso da racionalidade, pretendemos ilustrar como frequentemente sobre questões determinadas mas determinantes no debate filosófico, coexistiam posições muito modernas ao lado de outras bem mais antigas. A questão historiográfica não se deve, portanto, reduzir à constatação da defesa da tese X e da posição Y. Mais do que um levantamento da (in)existência de "teses modernas", há que estudar os compromissos culturais e científicos, perceber a sua razão e traçar os seus limites. Tal é o que pretendemos fazer com o trabalho que agora se inicia. articulam as posições nucleares do Aristotelismo característico da Segunda Escolástica vigente no Portugal seiscentista, inicia-se com a I parte a análise da teoria da influência dos corpos celestes na região terrestre. No primeiro capitulo examinar-se-á esta tese em pormenor, no segundo traçar-se-ão os seus limites, discutindo a hipótese do conhecimento astrológico no contexto da intensa polémica renascentista e contra-reformista em torno deste saber, e, no capítulo 3, a análise recairá sobre o recurso licito às influências astrais, nomeadamente no que se refere à medicina, à meteorologia e outros aspectos com esta relacionados. Se a primeira parte se deteve nos aspectos mais teóricos, a segunda em contrapartida procurará analisar o impacto da teoria da influência planetária na sociedade da época. Assim, o capítulo 4 focar-se-á na parenética e na utilização retórica desta posição e o capítulo seguinte na relação entre esta teoria e as crenças messiânicas que marcaram a sociedade da época. Esta II parte termina com um estudo sobre os almanaques astrológicos, peças responsáveis em grande parte pela vivência social da teoria da influência astral. Na terceira parte analisar-se-ão os aspectos dinâmicos, o que equivale a dizer o processo complexo que conduziu a uma desacreditação desta teoria no campo da filosofia natural. O capitulo 7 centrar-se-á nos fenómenos cósmicos surgidos em finais do século XVII e inícios do seguinte. Estes fenómenos conduziram à defesa de novas teses e, em princípio, questionariam a presente teoria da influência celeste. No capitulo 8 estudar-se-ão as alterações sugidas ao nível dos critérios de constituição e validação do saber cientifico e, por, fim o capítulo 4 traçará o perfil da critica de cariz iluminista a que, a partir do século XVIII, a astrologia se viu submetida.;
URI: http://hdl.handle.net/10174/11194
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:CEHFC - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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