Freitag erobert Robinsons Spiel

Abstract

O artigo debruça-se sobre um dos fenómenos que no nosso quotidiano mais galvaniza as multidões - o Futebol. Pegando nas figuras literárias de Sexta-Feira e de Robinson Crusué, recriadas por Michel Tournier, assistimos a uma clara alegoria, já expressa no título: "Sexta-Feira conquista o jogo de Robinson". O artigo convida-nos a uma viagem pelo passado, revisitando lugares onde as formas mais rudimentares do que viria a ser o desporto-rei alguns séculos mais tarde. É feita uma alisão à China, onde 2697 a.C. já se jogava com uma bola de pele. É evocado o jogo Choule, disputado no séc. XII em França durante a Mardi Gras. Não fica esquecido o jogo florentino 'giuoco del calcio', uma mistura de rugby, futebol, luta livre e de rua. Claro que a tradição inglesa é sublinhada, sobretudo através das citações contidas nas peças de Shakespeare "Rei Lear" e "Comédia dos Enganos". Após esta viagem pela História, o leitor é confrontado com a questão da identificação (aos mais diversos níveis) com e através deste desporto; a sua dimensão chega a constituir símbolo de identificação nacional. Por fim, é-nos mostrado um mundo anacrónico, no qual os chamados Global Players têm de deixar os seus países, por falta de condições, para, se quiserem fazer um percurso de renome, irem jogar para países ocidentais.