Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/11299

Title: Predação humana no litoral alentejano: caracterização, impacte ecológico e conservação
Authors: Castro, João José Roma de Paços Pereira de
Advisors: Marques, João Carlos
Hawkins, Stephen John
Keywords: Predação humana
Litoral rochoso alentejano
Caracterização
Impacte ecológico
Conservação
Ciências do mar
Issue Date: 2004
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: Observações preliminares e informações previamente obtidas junto de pescadores locais fizeram supor que a exploração humana de recursos vivos era muito intensa no litoral rochoso alentejano. Considerando que esta exploração é rara e pontualmente controlada ou regulamentada, que a sua intensidade parece tender a aumentar, e que o seu impacte ecológico pode ser elevado e persistente, o presente estudo pretendeu avaliar a intensidade e o rendimento das principais actividades de predação humana exercidas no litoral rochoso alentejano, analisar o seu impacte ecológico, e discutir e propor medidas de gestão e conservação dos recursos e habitats afectados. A intensidade destas actividades foi estudada mediante a análise de padrões de variação espacial e temporal da abundância de pessoas que utilizaram durante o dia o litoral rochoso alentejano, em função de factores como a altura e a amplitude da maré, o período do ano, a utilidade dos dias, a praia (alguns quilómetros de extensão) e o local (algumas centenas de metros de extensão). A respectiva amostragem foi efectuada directamente, durante dois anos consecutivos, em oito praias cuja extensão de linha de costa totaliza cerca de 22km. Os resultados desta análise revelaram que o litoral rochoso alentejano foi frequente e intensamente utilizado pelo Homem para a exploração de recursos vivos, tendo sido diversas as espécies-alvo, bem como as motivações dos utilizadores (subsistência alimentar, comércio ou recreação). Quando consideradas em conjunto, estas actividades de predação, bem como as que não envolveram a predação de organismos marinhos, foram geralmente mais intensas no Verão, durante a baixa-mar de marés vivas, em dias não úteis, em praias mais próximas de praias arenosas turísticas, e quando o mar estava menos agitado, o vento era menos intenso e o céu estava menos nublado. As actividades de marisqueio foram as que envolveram maior número de pessoas, embora tenham sido exercidas sobretudo em níveis de maré inferiores e quase exclusivamente em períodos de baixa-mar, enquanto a pesca à linha foi praticada com maior frequência, tanto em baixa-mar como em preia-mar. As principais presas do marisqueio intertidal foram o polvo (Octopus vulgaris), a navalheira (Necora puber), o ouriço-do-mar (Paracentrotus lividus), o percebe (Pollicipes pofficípes), os burriés (Osilinus lineatus, O. colubrina, Gibbula umbilicalis e G. pennanti), o mexilhão (Mytilus galloprovincialis) e as lapas (Patella uIyssíponensis, P. vulgata e P. depressa). A pesca à linha, dirigida a diversos peixes teleósteos, envolveu frequentemente a apanha de isco durante a baixa-mar. Os valores médios diários de densidade global, de pescadores à linha, e de mariscadores em baixa-mar corresponderam, respectivamente, a cerca de 7,8, 2 e 9,4 pessoas por quilómetro de linha de costa. O impacte da intensidade destas actividades de predação no seu rendimento foi estudado mediante a análise de padrões de variação espacial do peso das capturas efectuadas por pescador num período diurno de baixa-mar de marés vivas, e do peso das capturas obtidas por pescadores à linha durante trinta minutos em períodos diurnos de enchente de marés vivas. A respectiva amostragem foi efectuada directamente em seis praias, num período de Verão. Foi também quantificado o número de taxa presente no pescado capturado por cada pescador contactado ou observado. Os resultados desta análise sugerem que a intensidade da exploração humana afectou negativamente o rendimento da pesca à linha, bem como a diversidade do pescado capturado, embora o mesmo efeito não tenha sido detectado no rendimento das actividades de predação exercidas em baixa-mar. Na pesca à linha efectuada em períodos de enchente, os peixes cujo peso médio de captura por pescador variou mais entre praias sujeitas a diferente intensidade de exploração foram os burrinhos (Symphodus spp.), a boga (Boops boops) e o sargo (Uplodus sargus), tendo sido os dois primeiros mais capturados nas praias sujeitas a menor intensidade de exploração. O valor médio de peso fresco de pescado capturado por pescador numa baixa-mar de marés vivas, e por pescador à linha em trinta minutos de enchente, correspondeu, respectivamente, a cerca de 2,2 e 0,2kg. /Abstract - Preliminary observations and previous information obtained from local fishers suggest that human exploitation of living resources is very intense on rocky shores of Alentejo (SW continental Portugal). As this exploitation is seldom subjected to any control or regulation, its intensity is likely to increase and its ecological impact may be high and lasting. The present study aims to assess the intensity and yield of the main human predation activities on rocky shores of Alentejo, to analyse their ecological impact, and to discuss and recommend management and conservation measures. The intensity of these activities was assessed through the analysis of spatial and temporal patterns of variation of the abundance of people using this habitat during daylight. Factors tested were the tidal height and amplitude, season, weekend/holiday or working day, shore (some kilometres) and site (some hundreds of metres). Direct observations were made during two consecutive years in eight shores with ca. 22km of total coastline. The rocky shores of Alentejo were subject to a frequent and intense human exploitation of living resources, affecting several target species for several purposes (subsistence, trading or recreation). Human use was generally more intense, during summer, at spring low tides, over weekends or holidays, on shores near sandy beaches intensively used for tourism, and when the sea roughness, wind intensity and sky cioudiness were lower. Most people collected shellfish, mainly on the low shore and almost exclusively during low tide, but angling from the shore was the most frequent activity, at low or high tide. Main target species were common octopus (Octopus vulgaris), velvet swimming crab (Necora puber), purple sea urchin (Paracentrotus lividus), stalked barnacle (Pollicipes pofficipes), topshells (Osilinus lineatus, O. colubrina, Gibbula umbilicalis e G. pennanti), mussel (Mytilus galloprovinciafis) and limpets (Patella ulyssiponensis, P. vulgata e P. depressa). Anglers targeted teleost fishes and collected bait (mainly polychaete worms) during low tide. Mean daily values of density of all activities, angling and shellfish gathering were, respectively, 7.8, 2 and 9.4 persons per kilometre of coastline. The impact of the intensity of these activities on their yield was assessed through the analysis of spatial patterns of variation of the weight of catches made by shellfish collecting and angling during a diurnal spring low tide, and made by angling during thirty minutes of a diurnal spring flood tide. Direct observations were made during one summer on six shores (three exposed to higher exploitation intensity; three exposed to lower exploitation intensity). The number of taxa present in each catch has also been censussed. The yield from angling and the number of taxa present in each catch were negatively affected by the intensity of human exploitation, although the same effect has not been observed in the yield by shellfish collection and angling obtained during low tide. Mean weight of catches per fisher of wrasses (Symphodus spp.), bogue (Boops boops) and white seabream (Diplodus sargus) were responsible for most variation between shores exposed to different intensity of human exploitation, and catches of wrasses and bogue were bigger on shores exposed to lower exploitation intensity. Mean value of fresh weight of catches obtained per fisher during low tide, and per angler during thirty minutes of flood tide, were 2.2 and 0.2kg, respectively. Extrapolating yield values obtained in this analysis and using the data from the study of predation intensity, the annual global yield was estimated as 4.3 tonnes of fresh weight per kilometre of coastline. The annual yield of shellfish collection and angling was estimated as 2.4 and 1.4 tonnes of fresh weight per kilometre of coastline, respectively.
URI: http://hdl.handle.net/10174/11299
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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