A abordagem STEAM no currículo português: distanciamentos e aproximações.

Abstract

A abordagem CTEM do ensino das ciências surgiu como resposta a uma necessidade de se impulsionar a competitividade e o pensamento crítico dos alunos, motivando-os a enveredarem por caminhos profissionais no campo das ciências, através de uma transdisciplinaridade entre as suas diferentes áreas. A sua finalidade, prende-se também com o intuito de os preparar para responder a questões atuais e prementes, de natureza técnica e científica, que se colocam no nosso contexto social. No entanto, após a abordagem CTEM se ter demonstrado pouco motivante para os alunos em diferentes sistemas de ensino, como vem a ser o caso do norte americano, não produzindo ainda os efeitos desejados na melhoria das suas aprendizagens em ciências, nesta abordagem foi integrada a arte, como forma de promover o pensamento divergente, explorando múltiplas soluções numa conexão mais intrínseca com o meio envolvente. Esta nova conceptualização do ensino das ciências passou a ser conhecida por abordagem CTEAM. Alguns autores consideram que a abordagem CTEAM pressupõe uma preocupação com as questões ambientais e o impacto do ser humano nos ecossistemas, mas, esta relação não é nitidamente evidente. Este movimento interdisciplinar de ensino parece focar-se mais nas questões práticas da competitividade económica de um país em relação aos seus competidores. Por este motivo, consideram o desenvolvimento de perspetivas alternativas e/ou complementares da abordagem CTEAM, como é o caso da perspetiva CTSA, a Ciência da Sustentabilidade ou a CTEAM-h, como abordagens que preconizam uma verdadeira transdisciplinaridade entre as disciplinas científicas e a Arte, mas considerando ainda todas as questões ecológicas, que derivam da intervenção humana nos ecossistemas, procurando vias para a promoção da saúde ecológica, através de um desenvolvimento humano, que pretende ser verdadeiramente sustentável. Estes benefícios anteriormente aludidos impulsionam a educação em ciências no sentido de promover o consensualmente desejado ensino por investigação (inquiry teaching), articulando a partilha de ideias e de conhecimento entre alunos e entre professores de diferentes áreas. Esta partilha de informação entre docentes, particularmente ao nível da preparação das suas aulas, cruzando saberes através da promoção de um pensamento divergente, poderá ser enriquecida através, por exemplo, do contributo do design. Em Portugal, verifica-se que as AE, enquanto documentos de organização curricular, se encontram estruturados de acordo com a perspetiva CTSA, não sendo impeditivos para o surgimento de projetos transdisciplinares com uma abordagem CTEAM. Esta abordagem tem sido cada vez mais enfatizada no quadro comunitário europeu, tendo em Portugal encontrado terreno fértil para se desenvolver, tanto em projetos transdisciplinares promovidos pelas diferentes áreas curriculares, como também em ambientes de aprendizagem não formal das ciências. A legislação portuguesa prevê, ainda, a possibilidade de criação de DAC, que se poderão constituir como uma importante base para o desenvolvimento de projetos educativos, enquadrados numa abordagem CTEAM, possibilitando também a articulação com a perspetiva CTSA de cada uma das suas áreas constituintes. De momento, parece ser relevante perceber como estão a ser trabalhadas a abordagem CTEAM e a perspetiva CTSA, nos cursos de formação inicial de professores e nas ações de formação contínua, de modo a relacionar estes produtos com o impacto na sua prática letiva, e por inerência, na qualidade das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos.