Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/11656

Title: O vilâncico na capela real portuguesa (1640-1716): o testemunho das fontes textuais
Authors: Lopes, Rui Miguel Cabral
Advisors: Nery, Rui Vieira
Keywords: Música religiosa
Música litúrgica
Vilâncicos
Issue Date: 2006
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: O vilancico religioso conheceu em Portugal, tal como em Espanha, uma vasta disseminação nos séculos XVII e XVIII, impulsionada não apenas pelo seu cultivo intensivo em centros musicais de primeiro plano, como o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, como também por um interessante fenómeno de divulgação que resultou da edição regular de folhetos por parte das oficinas tipográficas de Lisboa, Coimbra e Évora, até ao início da terceira década de setecentos, altura em que o vilancico foi definitivamente afastado da vida musical portuguesa. A forte presença do vilancico na prática musical seiscentista é também sublinhada pelos mais de dois mil títulos descritos no catálogo da Biblioteca de Música de D. João IV (1604-1656), fonte inestimável para o conhecimento da música deste período. Perante uma tão grande diversidade de evidências documentais deste repertório, no qual se insere toda uma miríade de subgéneros como os bailes, as jácaras, os negros ou as gitanillas, torna-se, de algum modo, desanimadora a circunstância de se conhecer actualmente apenas uma pequena parcela da música que lhe esteve associada. Para além de partituras dispersas por acervos alemães e espanhóis, subsistem em Portugal apenas duas colecções de vilancicos com música, a primeira, e mais numerosa, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e a segunda na Biblioteca Pública de Évora, as quais foram já, em parte, objecto de edições modernas a que se juntaram estudos introdutórios. Para além da música manuscrita, qualquer esforço de compreensão da prática do vilancico barroco em Portugal e do seu papel na vida musical e nos costumes da época passa, necessariamente, pelo estudo das fontes impressas que nos chegaram em quantidade muito mais avultada, maioritariamente sob a forma de folhetos encadernados em séries cronológicas, contendo alinhamentos de textos de vilancicos que foram cantados nas sés e igrejas paroquiais de Lisboa, Porto e Coimbra por altura das festas de maior solenidade do calendário litúrgico, como o Natal e a Epifania, bem como na comemoração de santos e patronos locais. Mas os fundos documentais mais relevantes neste domínio são, sem dúvida, as colecções de folhetos que atestam a participação continuada e sistemática do vilancico nas cerimónias religiosas da Capela Real de Lisboa a partir de 1640, ano em que o herdeiro da coroa portuguesa, D. João IV, foi aclamado Rei de Portugal, após seis décadas de domínio espanhol. Foi sob a égide do monarca que se estabeleceu a tradição de se cantarem vilancicos na Capela Real, primeiramente no Natal e, poucos anos depois, na subsequente Festa dos Reis (6 de Janeiro) e na anterior Festa da Imaculada Conceição de Maria (8 de Dezembro), de acordo com um costume que já existia na Capela privativa dos Duques de Bragança, situada em Vila Viçosa, e que foi, de resto, perpetuado mesmo após a centralização da corte em Lisboa. Ano após ano, os vilancicos foram cantados durante os ofícios de Matinas daquelas festividades e também, por vezes, na Missa de Natal, numa prática quase ininterrupta que atravessou as sucessivas gerações da monarquia portuguesa até ao momento em que a execução destas obras foi abandonada em 1716, em pleno reinado de D. João V, por motivo da adopção do cerimonial litúrgico romano, um objectivo desde há muito ambicionado pelo monarca. A presente dissertação incide sobre as fontes textuais que testemunham o cultivo do vilancico religioso na Capela dos Reis de Portugal: um conjunto de duzentos e quatro folhetos, impressos entre o Natal de 1640 e a Festa de Reis de 1716. Por extensão, foram englobados na investigação os folhetos que contêm vilancicos que se cantaram na Capela Ducal de Vila Viçosa — um total de nove itens cuja natureza bibliográfica é em tudo idêntica à dos folhetos da Capela Real de Lisboa. 0 repertório integral de vilancicos e respectivas secções internas foi descrito no Catálogo final da presente dissertação, constituído por seis mil quatrocentas e trinta e sete entradas. Para efeitos comparativos foi ainda descrito em Adenda um corpus adicional de oitenta e quatro folhetos de vilancicos associados a diferentes centros de culto do país, entre os quais a Sé de Lisboa e a Sé de Coimbra. Este corpus suplementar ocupa um âmbito cronológico situado entre o Natal de 1644 e a Festa de São Vicente de 1723, data após a qual não se conhecem quaisquer outros folhetos de vilancicos que atestem o prosseguimento da tradição no país. Actualmente, as fontes mais importantes relativas à Capela Real portuguesa estão localizadas em duas instituições patrimoniais de relevo internacional: A Biblioteca Nacional de Portugal e a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil. Na Divisão de Reservados da Biblioteca Nacional podem ser consultadas duas colecções distintas de folhetos, a segunda das quais é constituída, basicamente, por duplicados da primeira colecção. Os folhetos da Biblioteca Nacional têm formato in oitavo e encontram-se encadernados em volumes factícios, organizados de acordo com um critério cronológico que agrupa sucessivamente os folhetos do mesmo ano reservados aos Reis, à Imaculada Conceição e ao Natal. Em cada festa são distribuídos entre cinco a dez vilancicos que começam, quase sempre, com o texto «Villancicos que se cantaram na Capela Real...» , logo seguido da menção elogiosa ao soberano, da festa celebrada e eventual data de execução. A informação é depois complementada com as referências ao local de impressão, às autorizações eclesiásticas, ao editor e, por fim, à data de impressão, no que se aparentam em absoluto com os folhetos congéneres do repertório espanhol. Uma característica comum a todos os folhetos da Capela Real é a inexistência de quaisquer referências à autoria da música ou dos textos literários, o que pressupôs, para este efeito, uma pesquisa suplementar em fontes alternativas, como, por exemplo, o Index da Livraria de Música de D. João IV e outros arquivos portugueses e espanhóis.
URI: http://hdl.handle.net/10174/11656
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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