Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/11334

Title: Pedro Theotónio Pereira: uma biografia (1902-1972)
Authors: Martins, Fernando Manuel Santos
Advisors: Rosas, Fernando José Mendes
Fonseca, Helder Adegar
Keywords: Pedro Theotónio Pereira
A reforma corporativa
Issue Date: 2004
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: “O Teotónio está às portas da morte. Não será ele!" Poucos meses depois do acidente que incapacitou Salazar, a irmã mais nova de Pedro Theotónio Pereira, Virgínia, visitou-o no Hospital da Cruz Vermelha. Conheciam-se "desde sempre'. Nuito fraco`, mas "perfeitamente lúcido` e “terrivelmente inquieto”, a dada altura Salazar pegou com “muita força em ambas as mãos" de Virgínia e `perguntou-lhe angustiado qse era verdade que Pedro se encontrava doente... assim tão doente.)) «Diga-me»? Virgínia ter-lhe-á respondido "afirmativamente.-" "Salazar perguntou-lhe então ese não havia esperança que o Pedro pudesse...» .” A resposta foi que de facto o irmão estava muito doente. "Não pode contar com ele" foi a sentença proferida por Virgínia Theotónio Pereira.5 Na mesma altura, durante a crise política que se sucedeu à incapacitaçáo de Oliveira Salazar, o presidente da República, Américo Thomaz, que tinha a competência constitucional para escolher um substituto ou um sucessor para a chefia do Governo, não deixou de pensar, como testemunhou nas suas Memórias, que "muito possivelmente em Setembro de 1968," Theotónio Pereira era “a personalidade mais indicada para suceder ao doutor Salazar, se a sua saúde o tivesse permifido". Embora se desconheçam em rigor quais as esperanças que alguma vez Theotónio Pereira possa ter sustentado de vira substituir ou a sucedera Saiam como chefe de Governo, certamente que em Setembro de 1968 não terá deixado de pensar que caso não se encontrasse grave e irreversivelmente doente, poderia ser ele, tanto ou mais do que qualquer outra figura relevante do regime, a ocupar o cargo que estava prestes a vagara Em Setembro de 1968, Pedro Theotónio Pereira tinha um currículo político impressionante, não sendo mais vasto apenas pelo facto de em 1963 lhe ter sido diagnosticada uma doença que o incapacitaria para o exercido de qualquer cargo público de maior responsabilidade. Entre 1933 e 1963, com excepção de alguns largos meses no ano de 1950, Theotónio Pereira manteve-se sempre ao serviço do Estado Novo, sendo que quando chegou à subsecretaria de Estado das Corporações, em Abril de 1933, exercia actividade politica de forma ininterrupta desde 1920. E ainda que no desempenho de funções diplomáticas tenha passado no estrangeiro grande parte da sua vida, a verdade é que, globalmente, foi uma figura de grande destaque do Estado Novo. Enquanto diplomata, além de ter sido colocado em postos de grande importância em momentos chave, foi um dos poucos conselheiros de Salazar tanto para temas de política interna x como de política externía. Entre 1933 e 1937, como subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social e, depois, como ministro do Comércio e Indústria, foi um dos pais fundadores do regime, cabendo-lhe um papel marcante na afirmação política e institucional do Corporativismo. A partir da década de 1940, e talvez poucos anos antes, Theotónio Pereira começou a ser falado como provável sucessor de Salazar. Também em Pedro Theotónio Pereira se pensou para candidato do Governo à presidência da República nas eleições de 1949 e 1951, ou, ainda, em 1944, 1950 e 1958, para ocupar algumas das pastas de maior significado da estrutura governamental – Negócios Estrangeiros, Colónias, Economia, Corporações –, acabando por regressar ao exercício de funções ministeriais apenas em 1958 e em circunstâncias imprevistas. É verdade que muitos dos rumores em tomo das possibilidades políticas de Theotónio Pereira ascender ao topo do regime não tiveram, pelo menos que se saiba, a chancela de Salazar. Eram hipóteses que chegavam às Embaixadas sediadas em Lisboa ou que as próprias criavam a partir das análises que faziam da situação política portuguesa. Podiam ser postas a correr e discutidas por influentes do regime, a maior parte das vezes fruto da intriga política que naturalmente lhe alimentava o quotidiano, quase sempre como intuito de medir ou enfraquecer as possibilidades reais ou remotas de ascensão de Pedro Theotónio Pereira no firmamento político do Estado Novo. Mesmo assim, ao longo da década de 1950, aceitou ser nomeado procurador à Câmara Corporativa (1950-1953), embaixador em Londres (1953-1958) e ministro da Presidência (1958-1961), emergindo então aos olhos de muitos observadores como a figura do regime melhor colocada para suceder a Salazar. Quando em 1961 seguiu para Washington, onde iria retomar as funções de embaixador que com assinalável êxito havia desempenhado cerca de quinze anos antes, nada fazia prever que a sua carreira política estava a ponto de terminar. No Verão de 1963, foi-lhe diagnosticado Parkinson. Regressou a Lisboa e recuperou o seu lugar na administração da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre 1963 e 1972, ano da sua morte, aos 70 anos, era apenas membro vitalício do Conselho de Estado, para o qual fora nomeado em Dezembro de 1955.
URI: http://hdl.handle.net/10174/11334
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

Files in This Item:

File Description SizeFormat
Fernando Manuel Santos Martins - 2ªparte - 166 318.pdf2ª parte41.65 MBAdobe PDFView/Open
Fernando Manuel Santos Martins - 1ªparte - 166 317.pdf1ª parte39.33 MBAdobe PDFView/Open
FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpaceOrkut
Formato BibTex mendeley Endnote Logotipo do DeGóis 

Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.

 

Dspace Dspace
DSpace Software, version 1.6.2 Copyright © 2002-2008 MIT and Hewlett-Packard - Feedback
UEvora B-On Curriculum DeGois