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http://hdl.handle.net/10174/11110
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Title: | Filosofia e literatura: um percurso hermenêutico com Paul Ricoeur |
Authors: | Henriques, Maria Fernanda da Silva |
Advisors: | Gonçalves, Joaquim Cerqueira Duarte, Irene Filomena Borges |
Keywords: | Filosofia e literatura Paul Ricoeur |
Issue Date: | 2001 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | "Sem resumo feito pelo autor"; Em torno da pergunta Como começar? - Na concepção deste trabalho, pensado em termos de espelhamento, esta primeira parte diz respeito, realmente, a um momento de contextualização, em que se procura construir um espécie de subsolo teórico e temático onde possam vir a enraizar-se as diferentes linhas que constituirão o desenvolvimento global da investigação, nomeadamente, as da segunda parte, de tratamento sistemático da problemática em causa – a articulação da filosofia e da literatura no pensamento hermenêutico de Paul Ricoeur.
Essa tarefa de contextualização poderia configurar-se de diferentes maneiras, nomeadamente, a de constituir uma entrada através da análise da própria matéria convocada, da relação da filosofia com a literatura, quer do ponto de vista temático, quer do ponto de vista histórico. Contudo, uma vez que o horizonte deste trabalho resulta da convergência de um tema com um autor e quer surpreender o entretecer do tema na prática filosófica do autor, optou-se por dar corpo ao seu momento contextuai, pela mediação das linhas dinâmicas do pensamento de Ricoeur, na tessitura do seu processo de pensar.
Em si mesmo, este momento foi concebido como uma espécie de desafio de coerência ao pensamento ricoeuriano. Na realidade, por um lado, pretendo aqui construir um paradigma de leitura do filósofo Paul Ricoeur, partindo das suas propostas acerca de como se deve ler uma filosofia especifica, singular, nos quadros da história da filosofia, tal como ele as apresenta em
HV e nunca desmentiu, e, por outro, partir de uma certa maneira de conceber a questão do
começo, igualmente, dentro de uma linha ricoeuriana, tomando-o como um construído, que é
simultaneamente, ponto de partida , fonte alimentadora e horizonte de desenvolvimento.
Sentido e finalidade de um começo como contexto
Tomei a questão do começo como uma estrutura orgânica, onde se pode ouvir o ressoar
parmenidiano – "Comum é para mim o ponto por onde começo; por aí hei-de voltar depois"–,
entendendo tal declaração como uma possível resposta à pergunta por onde começar?,
resposta que, sobretudo, aponta para o facto de todo o começo ser recomeço. Dito de outra
maneira, parti do dito de Parménides e interpretei-o como querendo exprimir que começar, não
representa apenas o início de um percurso linear, numa só direcção, mas, pelo contrário,
evidencia que o acto de começar é sempre recorrente. Por isso, começar é contextualizar e, por
essa razão, decidi começar com uma contextualização.
Contudo, esta perspectiva também pode ter uma ressonância hegeliana, por admitir que
o ponto de partida seja a fonte matricial de sentido, articulando-se, directamente, com o modo
como Hegel concebe a teleologia, como finalidade auto-determinada.
Esta leitura é importante para abordar o pensamento de Ricoeur, dado que, desde o
início, direcciona a reflexão para o solo ontológico.
Realmente, pensar o teleológico como finalidade auto-determinada, à maneira de Hegel,
afasta, desde logo, a hipótese de conceber o desenvolvimento do sentido como se fosse a
projecção de um princípio subjectivo de funcionamento da razão humana, tomada como princípio de inteligibilidade do real. Este ponto de vista, de cariz transcendental, sendo desenhado no quadro da oposição epistemológica, sujeito-objecto, está aliado a uma concepção da compreensão do desenvolvimento da realidade que a avalia do seu exterior. Pelo contrário, a concepção hegeliana corresponde à vontade de encontrar o modo de expressão da organicidade do real na sua própria maneira constitutiva de ser. Diz, sobre isto, Hegel, no Prefácio à Phänomenologie des Geistes:
"0 resultado só é o mesmo que o começo porque o começo é fim – ou o efectivo é o mesmo que o seu conceito somente porque o imediato como fim tem nele o si mesmo ou a pura realidade efectiva. 0 fim desenvolvido ou o efectivo que é-aí é o movimento e o devir desenrolado; esta inquietação, porém, é justamente o si mesmo; é igual àquela imediatez e simplicidade do começo porque é o resultado, o regressado em si mesmo; – mas o regressado em si mesmo é precisamente o si mesmo, e o si mesmo é a simplicidade e a igualdade que se refere a si.
Seguindo este texto, encontramos que o fim é começo e resultado; portanto, somos, por ele, remetidos para o interior de uma totalidade auto-determinada, cujo fim e cuja intencionalidade correspondem à própria necessidade de se desenvolver. Ou seja, ser e devir ou ser e transformação distinguem-se apenas por dizerem respeito a momentos diferentes do mesmo processo dinâmico da realidade. Assim, o resultado é o começo desenvolvido, pelo que a diferença entre resultado e começo é marcada, simplesmente, pela transformação ocorrida na temporalidade do devir. …… |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11110 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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